

A Cor da Cultura
negros africanos
traficados
para lavourar
as fazendas de café
brincam em volta de fogueiras
tambores
a noite inteira
canto querendo
o desvendar do ponto
e danças de umbigada
negro batizado no eito
jongo, capoeira e maracatu
samba-de-roda
no tambor-de-crioula
na pernada
no lundu
há balaios de alqueires
e peneiras rasas de abanar
terra limpa e ciscada
os cafeeiros estão vermelhos
galhos e tulhas na fartura
a carga é de vergar
as bagas
transbordam
e lá se vai apanhação
nos caminhos dos cafezais
do alto das colinas
até às secadeiras
os grãos de café
às costas nos cestos
de vime ou de bambú
ô negro
arruma a safra do dia
que amanhã
o café está bem seco
no terreiro banhado de sol
e você volta a gingar
reis, ditadores, feitores
quem pode lhe segurar
levanta o grito
da cuíca e do berimbau
na pancada do ganzá.
(Luciana Pessanha Pires- 17/04/06- 23h)
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