Tuesday, April 04, 2006

Boa leitura na rede










Que delícia a conjugação bons livros e uma rede!






Tenho hábito de ler dois ou três livros ao mesmo tempo. Vou alternando as leituras, procurando textos relacionados, consultando dicionário, fazendo anotações, deixando uma pausa para pensar um pouco, projetando toda uma rede de conhecimentos que ativem o texto no ato de interpretação. É um momento de prazer inigualável.
Acabei de ler os livros acima. A prosa deliciosamente irônica de Machado de Assis. A prosa comezinha de Adélia Prado, as reflexões de Rubem Alves, poemas cortantes de João Cabral de Melo Neto, poemas do Mestre Drummond...
E tudo isso no balanço macio da rede.
Depois da leitura, às vezes arrisco uma brincadeira, um poema ou uma crônica.
Ao terminar a leitura do livro Serial e Antes, de João Cabral de Melo Neto. Brinquei um pouco. Usando versos soltos de diversos poemas “montei” o poema abaixo:
Divisando a alma
Meus olhos têm telescópios
espiando minha alma
são lentes de aproximação
tudo permitem divisar.
(Os olhos ainda estão muito lúcidos)

E agora, em continentes muito afastados
os pensamentos amam e se afogam
em marés de águas paradas
que o mar esfrega e reesfrega..

Sempre pensara em ir
caminho do mar.
Sob meus pés nasciam águas
que eu aprendia a navegar.

Há um homem sonhando na praia.
Os homens podem
sonhar seus jardins
que o mar depois desinfeta.

As coisas não são muitas
que vou encontrando neste caminho.
Entra comigo a gente
que com o mar sonhou.
Tudo aqui sofre a morte mansa
do que não se quebra, se desmancha.

A vida está toda bichada.

Não há guarda-chuva
contra o amor
que mastiga e cospe como qualquer boca
que tritura como qualquer dente.

Amor que a distância eneblina
como se tudo fosse o mar
com a água da correnteza
água toda em profundeza.

Há aqui homens mais homens
que em sua luta contra a pedra
sabem como se armar
com as qualidades da pedra.

Sou viajante calado
no meu destino de mar.

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