Sunday, December 11, 2005

Entrevista com Antônio Lázaro de Almeida Prado- 4ª parte



Poesia é processo de auto-conhecimento? As linguagens induzindo o sujeito no caminho do sem-caminho? Você se interessa pelo diálogo entre filosofia e poesia?
Qual a ferramenta....

A SUMA E A SOMA

Com impalpáveis sons, fracos e flébeis,
Grito este amor demais, intenso e louco.
Para o qual as palavras são bem pouco
E os mais ousados versos soam débeis.
Quem os ler, saberá, talvez, um dia
Guiado pelos sons, captar a alma,
Que neles transformou furor em calma
Por não vê-los carentes de alegria?
Projeto nestes versos, concentrada,
A suma de meus dias, de meu sonho,
E a têmpera da alma apaixonada.
Nem sei se isso é nada ou muito pouco,
Só sei que quando posso neles ponho,
Talvez com voz fremente ou com som rouco.

Aplausos!

Há quem exagere a posição do poeta, tomando-o como um ente divino, dando-lhe poderes de construtor de um mundo onde o Eu torna-se uma realidade absoluta. Qual o lugar do lirismo ou do sentimento romântico na obra desses poetas? Que fazer dessa matéria poética que, de qualquer forma, sempre estará presente na alma dos homens?

Fernanda digitando e respondendo...

No posfácio de Ciclo das Chamas o prof. Dr Luiz Antônio de Figueiredo fala: ¨Uma Poética como a do Professor Almeida Prado, ao revéz de uma poesia pura, de literato para literatos, inscreve em cada poema a marca irrevogável da condição humana... Não existe forma que não possa manifestar o êxtase e a fragilidade da existência- métrica livre ou regular, redondilha, soneto ou quadra...¨. E eu Fernanda respondo, papai é também um filósofo, um pensador profundo que com suas palavras sempre nos encanta e nos toca profundamente.

Concordo, Fernanda! Essa conversa é enriquecedora. Reconheço o conhecimento, a sensibilidade de Antônio. Gostaria ter mais erudição para elaborar perguntas mais sábias. inclusive, deixo Antônio à vontade para conduzir nossa conversa, mudar "o rumo da prosa". Mestre que é, que sabedoria passaria aos poetas muito jovens, aos que ainda não aprenderam sozinhos ou “de repente”, como um dia disse o Rosa?

Sentimento romântico...

Nos diz novamente o prof.Luiz Antônio de Figueiredo: ¨E fazendo-se exemplo do Amor encarnado, do instante que vislumbra a Eternidade, dedica parte significativa dos poemas à esposa Themis- Arquétipo da Mulher e Mãe de seus sete filhos, símbolo vivo do Amor, único sentimento capaz de eludir a morte!¨.

Cantiga para Themis

Meu coração chegou

Ao mundo da surpresa

E, ao te ver,

Princesa,

De pronto se inflamou.

Eu disse ao coração:

-Amigo, tem cuidado,

Te sinto enamorado,

Queimando de paixão.

O tempo não passou,

Parou naquele instante,

E nosso amor, constante,

Ao tempo nem ligou:

Assim, és a menina

De ontem, hoje e agora,

Pois hoje é nossa hora

E amar-te é sorte e sina.

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